sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Se me viesses ver à noitinha...


Se me viesses ver à noitinha...

                                                   quando a brisa, suave, brinca com os meus cabelos e a lua beija o meu olhar seria, para ti, a aragem que te afaga, o meigo recordar do mundo em que deliras, seria a alma que aquece desilusões e sofrimentos, seria, ainda, braços dessa Noite, infinda, onde poderias dormir eternamente...

O meu amor exalaria um perfume estonteante e a minha boca, grave e sensual, sorrir-te-ia com a saudade de mais uma partida.

maria belém

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Por onde é que navegas?

 
Que é feito de ti, onde estás?
 
Quando te sentas sob a lua contas-me contos de encantar.
Lês, lentamente e alto, os teus versos, tua voz chega até mim vinda dos teus poemas. As palavras soam nos meus ouvidos como ondas, caprichosas, beijando, amorosamente, a areia fina, delicada, e o meu coração, como água deslizante, sussurra e abraça meigamente todas as recordações que reinam no meu peito soberanas.
 
Navegas...
 
                 para que desconhecida terra navegas?
 
Aproxima-te da minha margem por um momento...
 
                 vai onde queres ir, dá tudo o que tens a dar mas aproxima-te e mostra o teu sorrir...
 
Leva a minha alma e a minha saudade enquanto navegas.
 
Fico sozinha, é noite na minha vida...
 
Tudo o que tinha foi contigo num desejo de fuga e as minhas ilusões foram tombando como folhas secas no Outono.
 
maria belém

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Palavras

 
 
Embora as palavras sejam um recurso muito limitado para evocarem coisas e ideias, tens conseguido que o meu coração acolha as tuas e é como se recebesse uma semente fazendo-a frutificar.
Entram e despertam em mim uma chama de amor ardente, de fogo, que tanto pode destruir como purificar.
 
Sonhei um dia poder enviar-te, também, pelos espaços, o trinar do despertar de desejos, esperança de amares de alma, mas nunca consegui ser essa ave sedenta de se dar.
 
Procuro viver cada dia escutando os sons melodiosos que a poesia espalha e, assim, dentro da minha alma vive, escondida, a beleza, tão frágil, daquela voz apetecida, aquela quimera de um momento.

maria belém

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Abismo...


Nado devagar...

                            No esquecimento de palavras, diáfanas, murmuradas ao ouvido pelo vento,
depositadas no escuro abismo das águas turbulentas do mar, meus olhos, ensopados, movem-se até ao limite de mim.

Numa braçada, lenta, respiro e deixo-me ir na quebra da onda...

maria belém

quinta-feira, 12 de julho de 2012

'' Mãe''



 
Perdi a minha grande e melhor amiga

 
Cortou-se, definitivamente, o cordão umbilical que ainda nos unia no amor que compartilhávamos, na cumplicidade, nos risos, nas ilusões e desilusões da vida, na compreensão, naquele ''veio'' que me alimentava a alma com ensinamentos sábios, conselhos que nunca esquecerei.

Uma Alma linda que ganhou asas e voou ao som de uma melodia tocada por Anjos, envolta por pétalas de radiantes rosas brancas que a esperavam naquele jardim de verdejante esplendor onde era aguardada por todos os entes queridos. Quando foi acolhida na ''Luz'', finalmente soube o que era Paz e Tranquilidade.

E a mim, parece-me sentir a fragrância do seu perfumado alento.

A minha alma estremece e chora quando a chamo ''Mãe''

maria belém

domingo, 6 de maio de 2012

À minha querida Mãe


Este adeus anunciado há algum tempo diz-nos que este é o último Dia da Mãe que passamos juntas neste tempo/espaço, nesta dimensão.

Ambas sabemos que a Senhora de Negro a olha furtivamente, se aproxima de si com passos gentis, instalando-se ao seu lado. Como um ladrão há-de levá-la de mim, numa viagem silenciosa, deixando-me somente lágrimas.

Depois os nossos encontros, as nossas conversas, serão, unicamente, um toque subtil de almas, um piscar entre o sono e a vigília até que um dia ela me venha tomar pela mão e me levar. Então, as portas abrir-se-ão de par em par e, juntas, contemplaremos o Universo na sua verdadeira forma.

maria belém